Como criar um relatório de análise tática do adversário

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Imagem por Alexander Fox | PlaNet Fox por Pixabay

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O que é um relatório de análise tática do adversário no futebol?

De antemão, para aqueles que não sabem, o relatório de análise tática do adversário é normalmente criado pelo analista de desempenho. Assim, ele coloca algumas características do adversário que acha pertinente. Posteriormente, esse relatório será entregue para o técnico, o qual começará a pensar nas estratégias que deve adotar para vencer o próximo confronto.

Esse relatório, normalmente, possui um padrão. Nele é colocado, por exemplo, a escalação do adversário, como ele se organiza ofensivamente e defensivamente, como faz as transições ofensivas e defensivas, além das bolas paradas, facilitando o trabalho da comissão técnica, a qual conhecerá melhor o próximo adversário.

Pontos essenciais em um relatório de análise tática do adversário

Escalação do adversário

Primeiramente, é interessante começar o relatório com a escalação do adversário. Faça a apresentação em forma de campo e com a foto de cada jogador. Dessa forma, a visualização fica facilitada e os atletas já começam a observar quais adversários cairão na sua zona do campo.

Além do campo com a foto dos jogadores, você pode colocar outras informações, por exemplo: quais jogadores mais são substituídos, quais tem mais probabilidade de entrar, número do jogador, altura, pé dominante, etc… Isso ajudará os atletas a gravar algumas características dos seus oponentes diretos no campo.

Exemplo de escalação apresentada em um relatório. Fonte: criado pelo autor.

Organização Ofensiva

Agora, serão citados os momentos e fases do jogo de futebol e o que podemos identificar em cada um deles. Pois bem, caso ainda não tenha conhecimento sobre cada um deles, aconselhamos a leitura deste texto.

Nesse momento o relatório começa a se encaminhar para como a equipe pratica o futebol. Desse modo, nesse tópico é interessante colocarmos as maneiras que o adversário constrói seus ataques. Para facilitar a compreensão, podemos dividir essa parte em 3 itens:

  • Saída de bola ou 1º terço;
  • Fase de construção ou 2º terço;
  • Fase de criação e finalização ou 3º terço.

É de suma importância, em cada subdivisão do relatório a partir de agora, destacarmos qual o jogador principal naquele momento ou fase. Dessa forma, prendemos a atenção tanto da comissão técnica quanto dos jogadores para aquilo e/ou aquele que realmente é um diferencial.

Além disso, seu relatório de análise tática do adversário no futebol deve ser de fácil entendimento, em outras palavras, não polua demais os slides/PDF’s, coloque imagens claras e textos diretos e simples. Isso fará com que todos compreendam o que você quer passar.

Transição Defensiva

Aqui exploraremos como a equipe se porta após perder a bola. Iremos identificar se o adversário opta por pressionar a bola após perdê-la, com quantos jogadores faz isso, em quais regiões mais consegue roubá-la, ou se prefere recuar os jogadores a fim de se organizar defensivamente, etc. Identifique se há gatilhos de pressão e quais os atletas são importantes neste momento.

Organização Defensiva

Neste tópico iremos analisar como a equipe adversário se organiza defensivamente.

Antes de mais nada, podemos colocar informações como: qual o esquema de jogo mais utilizado e suas variações, onde mais recuperam bola, para qual região do campo o adversário gosta de lhe atrair, entre outras. De modo a facilitar o entendimento, podemos dividir este tópico em outros 3 itens:

  • Pressão na saída de bola;
  • Linha média;
  • Bloco baixo.

Em síntese, podemos dar mais detalhes da organização defensiva em cada um desses 3 “submomentos”.

Transição Ofensiva

Este é o último tópico de análise do adversário com bola rolando. Podemos verificar quais os mecanismos que o adversário usa para transitar em campo após recuperar a bola, por exemplo: ele retira a bola da pressão ou busca progredir em campo no local que recuperou a bola? Há variação de corredor? Qual é o jogador chave para este momento? Há muitas outras perguntas quem podem ser respondidas, de modo a achar soluções para o jogo. Enfim, use sua criatividade para achar detalhes que façam a diferença para sua equipe.

Bola parada Ofensiva

Podemos listar algumas bolas paradas ofensivas do adversário, como:

  • Escanteio;
  • Tiro de meta;
  • Pênalti;
  • Laterais
  • Faltas laterais;
  • Faltas frontais.

Assim, verifique os padrões de cobranças e quais são mais eficazes por parte do adversário. Identifique também quem são os cobradores e quem é o maior perigo na bola aérea.

Bola parada defensiva

Posteriormente, após vermos como o adversário ataca nas bolas paradas, iremos colocar no relatório como ele se defende delas. Podemos utilizar a mesma listagem acima. Então, é interessante vermos o estilo de marcação que usam nelas, sendo elas:

  • Por zona;
  • Individual;
  • Misto.

Em suma, podemos ver quais os pontos frágeis da defesa e tentar nos aproveitar deles.

Estatística no relatório

Juntamente às informações do adversário que foram colocadas no relatório, é interessante adicionar algumas estatísticas, para validar aquilo que você quis mostrar. No entanto, a estatística por si só, colocada de maneira solta, pode confundir os atletas e comissão técnica e, muitas vezes, ela não dirá nada de importante. Isto é, é fundamental que você dê sentido a ela, faça-a ter valor. Afinal, como diz Albert Einstein: “nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.”

Portanto, depois de tudo que vimos no texto até agora, sabemos que o relatório do adversário no futebol é essencial para a comissão técnica e jogadores se prepararem de forma rápida para o próximo confronto. Além da velocidade na entrega da informação, o relatório traz pontos chaves do adversário, isto é, mostra pontos fortes e fracos de quem enfrentaremos.

Lembrando que este é só um exemplo de relatório de análise tática do adversário no futebol. Bem como, existem outras formas de fazê-lo. Poratnto, você pode usar este modelo e adequar a sua realidade, vendo o que é mais eficaz para o seu time.

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.