O que é tática no futebol?

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Foto de Robert Katzki na Unsplash

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A análise tática no futebol vem sendo cada vez mais importante para os times e jogadores. Mas, para fazermos uma análise de qualidade, precisamos entender o jogo e os momentos nele presente. Logo, quanto mais conhecermos de futebol, melhor será nossa análise.

O que é tática no Futebol?

Vamos começar entendendo o que é essa palavra tão ouvida nos dias de hoje. Tática não é só a forma como o time se dispõem em campo, mas também a maneira que ele ataca e defende, tanto de maneira coletiva, grupal ou individual. Ou seja, se o time avança através do jogo apoiado ou ataque rápido. Se ele defende com duas linhas de 4 ou no 1-4-2-3-1. Se a marcação é individual, por zona ou mista, entre outras tantas formas de atacar e defender. Tudo isso é tática.

Estratégia x tática

Muitos confundem tática e estratégia, porém são coisas diferentes. A primeira está voltada ao todo, como vimos antes, já a estratégia são aspectos menores e usados em partidas específicas.

A estratégia é a maneira como o time irá maximizar seus pontos fortes e diminuir os fracos, além de conter os pontos fortes e explorar os pontos fracos do adversário. Dessa forma, a estratégia é montada com base na tática e visando questões importantes do adversário.

No entanto, vamos imaginar que o time A tem como ponto fraco o lado direito de defesa. Já seu próximo adversário possui o lado esquerdo muito forte no momento ofensivo, com jogadores rápidos e de bom drible. Visto isso, o treinador do time A terá que montar uma estratégia para jogo, visando bloquear o lado forte do adversário.

Quando falamos em tática devemos imaginar algo maior que somente o próximo jogo. Ou seja, ela estará presente em todas as partidas, será o modelo de jogo padrão da equipe nos momentos de atacar e defender.

Momentos e fases do jogo

Eu falei nos parágrafos acima sobre momentos e fases do jogo. Mas, o que são eles? Então, antes de explicar quais os momentos e fases presentes em campo, vamos defini-los.

Momentos: são períodos curtos de tempo, instantes. Eles ocorrerão entre as fases do jogo. Aqui se enquadram as transições ofensivas e defensivas.

Fase: são períodos de tempo mais duradouros que os momentos. Aqui entrará as organizações ofensivas e defensivas.

No futebol temos 5 momentos e fases: Organização ofensiva, transição ofensiva, organização defensiva, transição defensiva e bolas paradas. Vamos explicar cada uma delas.

Organização ofensiva

É a fase em que a equipe tem a posse da bola e irá atacar de forma organizada, ou seja, os jogadores ocupam sua posição/função no campo e buscam maneiras de chegar ao gol adversário.

Transição ofensiva

Momento da partida no qual a equipe recupera a posse da bola e busca atacar de forma muito rápida, procurando os espaços deixados pelo adversário. A partir do ponto que a equipe roubou a bola e iniciou o ataque, passará de transição para organização ofensiva, mesmo que essa não esteja devidamente “organizada”. Ou seja, a transição será somente um instante que precede a fase ofensiva.

Organização defensiva

Assim sendo, a organização defensiva se refere à fase em que o time está postado na defesa, visando roubar a bola e dificultar as ações ofensivas do adversário.

No exemplo abaixo vemos a equipe amarela se defendendo no 1 4-4-2 em linha. As formas de organização defensiva são diversas e ilimitadas. Cada equipe se ajusta conforme a tática planejada pelo treinador

tática no futebol
Fonte: criadopelo autor em www.tactical-board.com

Aqui usamos o exemplo da equipe defendendo em bloco baixo. Porém a organização defensiva pode ocorrer em qualquer faixa do campo, como em uma pressão na saída de bola, por exemplo, visto que a sua referência é a estruturação da equipe e não o local do campo em que está acontecendo.

Transição defensiva

Como vocês já devem ter percebido, esse momento se refere ao instante logo após perder a bola. Ou seja, assim que o adversário recupera a bola, você transita para a defesa, visando não permitir que o adversário chegue ao seu gol. 

Bolas paradas

Nestas situações entram todas as bolas paradas do jogo (escanteios, faltas, pênaltis e laterais), tanto ofensivas como defensivas. Visto que cada vez mais a bola parada é um meio de vencer partidas, a análise tática se preocupa muito em verificar padrões de movimentações dos adversários e estilos de cobranças, com objetivo de estar preparado para futuras jogadas. Assim como criar jogadas para sua equipe, afim de marcar gols.            

O mais interessante nos momentos do jogo é que eles acontecem muitas e muitas vezes na partida e em todos os locais do campo. Dessa forma a análise fica complexa, pois cada um desses momentos englobará diferentes atletas e quantidade de jogadores. Podemos então, através dessa visão, verificar a complexidade do jogo e dos momentos que ele nos proporciona.

Júlio Garganta disse que: “Durante uma partida surgem inúmeras situações cuja frequência, ordem cronológica e complexidade não podem ser previstas, exigindo uma elevada capacidade de adaptação e de resposta imediata por parte dos jogadores e das equipes a partir das noções de oposição presentes em cada fase de jogo.”

Criação de um modelo de jogo

Agora vocês já sabem o que é tática, estratégia e os momentos do jogo. Então irei citar um aspecto muito importante na criação do modelo de jogo. Os JOGADORES.

Todo jogador possui características próprias e diferentes dos demais. Ou seja, não podemos querer que atletas diferentes exerçam exatamente a mesma função, afinal, eles não são iguais. Portanto é de suma importância saber a “matéria prima” que se tem nas mãos.

Você não usa limões para fazer suco de uva, correto? Então analise o elenco que está a sua disposição, com objetivo de conhecer melhor cada atleta e colocá-lo em posições que renda mais, maximizando seus pontos positivos e minimizando os pontos fracos.

Instagram do autor:  @Christopher_Suhre

Confira um episódio do Podcast Ciência da Bola que fala sobre o assunto:

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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.