Como gerar espaço-tempo no Futebol?

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Foto de Sandro Schuh na Unsplash

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Um Jogo de gestão de espaço

Antes de entendermos sobre como gerar espaço-tempo no futebol, vale destacar um trecho do livro “Para Um Futebol Jogado com Ideias” dos Professores Israel Teoldo, Júlio Garganta e José Guilherme. Veja a definição usada para tática:

“É a forma como os jogadores gerem/ocupam os espaços de jogo, por meio de seus posicionamentos e movimentações.”

E você já ouviu falar sobre ocupação racional do espaço, um dos pilares do famoso Jogo de Posição? Afinal, o Futebol é um jogo de gestão de espaços, nada mais lógico que ocupar esses com intenção, dando sentido a toda e qualquer movimentação.

O que é o Centro de Jogo?

A princípio, o Centro de Jogo nada mais é que um círculo com 9,15m de raio, cujo o centro é a bola. Você deve ter percebido que esse também é o raio do círculo central e a distância da marca do pênalti até a meia-lua da grande área, né? Mas então, porque 9,15m? Pois bem, essa resposta é dada com grande didática no livro “Para Um Futebol Jogado com Ideias”. Então, sem mais delongas, o motivo dessa distância específica foi constatada matematicamente: com o marcador a 9,15m se torna fácil passar a bola com boa velocidade e precisão, sem que o receptor tenha dificuldade no domínio. Ou seja, em outras palavras, essa distância mínima facilita a dinâmica do jogo.

A importância de saber jogar sem a posse

Além disso, no livro “Os números do Jogo” os autores citam um estudo do Cientista do Esporte Chris Carling que constatou que os jogadores ficam em média 53,4s com a posse da bola. Assim, será que a sua participação sem bola, que seriam os outros mais de 89 minutos, não é relevante?

“[…] O mais importante é o que você faz durante os outros 87 minutos em que não tem a bola. Isso que determina se você é bom jogador ou não”. Johan Cruyff

Do mesmo modo, a frase acima do lendário Johan Cruyff, que mencionou valores diferentes, as ações sem a posse diferenciam os grandes jogadores dos comuns.

Espaço-tempo gerado para si

Através da movimentação nas costas da linha defensiva:

Espaço-tempo gerado para o companheiro

A partir de uma movimentação, quando esta tem a intenção de atrair atletas adversários:

Através de seu posicionamento, quando este tem a intenção de fixar atletas adversários:

Gerar espaço-tempo no Futebol a partir da bola

Espaço-tempo gerado para si

Mediante a condução da bola para zonas de menor pressão:

Ao dominar a bola já se preparando para o movimento seguinte (domínio orientado):

Espaço-tempo gerado para o companheiro

Ao conduzir a bola com a intenção de atrair a atenção do marcador de um companheiro, fazendo com que este colega de equipe tenha espaço-tempo para progredir:

Através do passe para um companheiro, mas visando outro colega de equipe que receberá a bola posteriormente com espaço para progredir (3° homem):

A arte de gerar dúvida…

O espaço-tempo é gerado quando seu adversário se encontra em meio a dúvida. Subo a pressão ou mantenho o posicionamento? Se eu subo a pressão, em que a faço? Esse curto instante de tempo, em que o adversário está em dúvida (e muitas vezes já tenha realizado um movimento incorreto) é o suficiente para que se tome uma melhor decisão ou um espaço para progredir seja gerado. Mas, o que você quer dizer com isso? Bom, que qualquer modo de enganar ou distrair o adversário (claramente, dentro das regras impostas pelo Jogo) é capaz de gerar vantagens de tempo e espaço.

Contato do autor – Instagram: @ralazzarottop

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Wesley Fernandes

Wesley Luiz Fernandes atua como Preparador Físico de Força, Condicionamento e Return to Play no Red Bull Bragantino. Também é fundador da SPAI, empresa focada em Inteligência Artificial, desenvolvimento de sistemas e pipelines de dados.

No esporte, trabalhou em clubes de futebol como Atlético-MG e América Locomotiva.

Possui formação em Ciência do Esporte (Mestrado e Bacharelado pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG) e cursa Engenharia de Software (UniCesumar).

Matheus Gasques

Matheus Gasques é Preparador Físico e Coordenador de Rendimento com passagens Club Sporting Cristal, Atlético Mineiro, Santos, América-MG e Inter de Limeira

Possui graduação em Educação Física com Especialização em Treinamento no Futebo. Possui licenças da CBF e AFA.

Recentemente lançou o livro digital: Retorno ao Jogo após Lesões Musculares no Futebol.

João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.