O fisiologista do esporte no futebol

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Foto de Lars Bo Nielsen na Unsplash

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O papel do fisiologista do esporte no meio do futebol é cada vez mais importante. Isso é reflexo das últimas décadas, onde as exigências das demandas físicas, técnicas, táticas e psicológicas no futebol têm sofrido acréscimos acentuados. Como resultado a esse aumento de exigências, também houve alterações significativas no volume de treinamento, ou seja, as cargas de treinos e jogos expõem os atletas a níveis elevados de estresse físico e emocional.

Da mesma forma que a modalidade se desenvolveu, surgiu a necessidade de controlar as cargas de treino e jogos referente às diferentes demandas. Além disso, a avaliação das necessidades individuais dos atletas também se tornou necessário. Assim, o fisiologista do esporte ou Sport Science é o profissional da área que realiza essas ações.

Neste texto iremos discutir quais são as funções de um fisiologista dentro da comissão técnica de futebol.

Qual a função do fisiologista do esporte no futebol?

A ciência usada na melhoria da performance e da recuperação dos atletas vem sendo tema de discussão no futebol moderno. Assim sendo, o fisiologista do esporte é o profissional responsável por aplicar os conhecimentos científicos nos processos de avaliação, controle, monitoramento e recuperação na pré-temporada e durante o período de jogos.

O fisiologista do esporte, de modo geral, possui duas principais funções: melhorar o desempenho e reduzir as chances de lesões nos atletas. Mas, como realizar essas funções?

Primeiramente, ao se apresentarem na pré-temporada, os atletas de futebol realizam diferentes avaliações físicas. Então, o profissional responsável pelo setor de fisiologia do clube gera um perfil do atleta, destacando as principais valências físicas que devem ser potencializadas durante o período de preparação, além de observar prováveis debilidades físicas dos atletas.

As avaliações físicas possuem diferentes características, por exemplo:

  • Capacidade de salto;
  • Teste de força no aparelho isocinético;
  • Sprint em linha reta (10, 20, 30 metros);
  • Sprint com curva;
  • Mudança de direção;
  • Resistência cardiorrespiratória.

Em um segundo momento, durante o período de treinos, o fisiologista é responsável por realizar a quantificação, monitoramento e controle das cargas que são prescritas pelos treinadores e preparadores físicos.

Ainda nesse sentido, para realizar esse controle de cargas são utilizados diferentes aparatos e a quantificação da carga é realizada utilizando marcadores de carga interna (marcadores bioquímicos, percepção de esforço, variabilidade da frequência cardíaca) e externa (distância percorrida, ações intensas, acelerações e desacelerações). Na imagem abaixo podemos observar um fisiologista realizando a coleta de sangue do dedo para análise de marcadores sanguíneos.

Competências e habilidades necessárias para um fisiologista

O profissional da fisiologia precisa possuir diferentes competências e conhecimentos. Em primeiro lugar, ele precisa ter de forma bem clara os conceitos atrelados a fisiologia do exercício que envolve a modalidade em questão. Em segundo lugar, é necessário ter habilidades que se referem à criação de bases de dados, podendo municiar as tomadas de decisões dos treinadores. E por fim, porém, não menos importante, é a capacidade de trabalho em equipe.

Assim, na comissão técnica o trabalho multidisciplinar é de extrema importância, pois os profissionais poderão tomar decisões baseadas em diferentes áreas do futebol. Na imagem abaixo podemos observar um organograma que se refere às funções do profissional fisiologista.

Organograma de atuação do fisiologista desportivo em um clube de futebol Fonte: (Artigo publicado em 2020)

Portanto, o fisiologista deve municiar os treinadores com informações sobre o estado dos atletas, realizando coleta de dados e um acompanhamento longitudinal, o que envolve avaliação, treinamentos e jogos, para poder potencializar o processo de treinamento aplicando metodologias científicas.

Contato do autor:
E-mail: diegoaugustoufs@gmail.com
Instagram: @augustsdiego

Fonte e Referência:

https://www.scielo.br/pdf/rbme/v6n4/a08v6n4.pdf

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.