Sabemos que a formação de atletas no futebol e no futsal vêm em ascensão desde as menores idades, sendo a proximidade e o incentivo familiar imprescindível neste percurso.
Compreendemos que todo núcleo de formação de atletas no futebol e futsal, seja particular ou em projetos sociais, baseiam-se em objetivos e metodologias pedagógicas visando o desenvolvimento global de seus alunos(as). Todas as aulas são planejadas com o intuito de potencializar as capacidades motoras e cognitivas dos praticantes. Ao mesmo tempo, muitas das sessões de treinos sofrem críticas dos olhares de fora na arquibancada por acreditarem que futebol são 11×11 e futsal são 5×5 apenas.
Jogos fragmentados, brincadeiras diversas, correr pelo espaço com bola e brincar de pega-pega de forma contextualizada, são alguns dos exemplos diversos na infância que auxiliam na aprendizagem destas modalidades. Mas como dialogar com os pais a compreensão sobre a metodologia e a sua importância?
Treinos na formação de atletas no futebol e futsal
Em princípio, o jogo e as atividades situacionais propostas nos treinos possibilitam situações adversas que precisam de repostas. Então, a criança vai se adequando conforme o estímulo e respondendo aos constrangimentos do ambiente.
Veja no exemplo da brincadeira “Mãe na Rua”. Primeiramente, dividimos a quadra em três setores, são eles: uma rua e duas avenidas. A brincadeira conta com pegadores e fugitivos. O ideal é que cada pegador tenha uma bola. Na rua ficarão os pegadores, e nas avenidas os fugitivos. O objetivo destes é passar de uma avenida para a outra sem ser pego. Se o espaço for reduzido, as chances dos pegadores encostarem em seus colegas é maior. Os constrangimentos do espaço serão muitos, tais como: espaço reduzido, todos com bola executando uma única ação, fundamentos de condução e controle de bola, percepção espacial, organização no espaço, visão em relação aos colegas. Todas as crianças estão, em simultâneo, gerando conflito de espaço. E o que fazer? Deverão achar as soluções para esses problemas, ou seja, tomar boas decisões.
Porém, nem sempre os pais e responsáveis compreendem essa dinâmica, acreditando ser um ensino frágil, o qual não contribuirá para seu filho(a). Assim, o modelo familiar estabelece as ideias e conceitos de forma geral na criança.
Outro ponto a ser refletido é que alguns pais têm um “saber” enraizado e acreditam que esse é o melhor jeito de ensinar, porque aprenderam a modalidade desta forma, ditando tais conhecimentos para as crianças. E estas? Seguem qual ensino? O do professor ou o pai/mãe que está gritando do lado de fora enquanto acompanha os jogos e/ou treinos?
Relação benéfica entre processo de ensino e família?
Na infância é absolutamente normal que todas as crianças corram atrás da bola ou se aglomeram em um único espaço. A compreensão sobre a estrutura funcional do jogo vai sendo adquirida aos poucos por meio de uma sequência com coerência dos treinos. A lógica sistemática de posicionamento não se faz necessário nesta fase até os dez anos, pois seria o mesmo que mecanizar ações de movimento. Em suma, é importante que a criança goste e sinta prazer em jogar.
Durante os treinos a voz de comando que deve prevalecer é a do professor. Informações advindas de fora de quadra do que se deve ou não fazer acabam sobrecarregando a criança de informação, e esta acaba repetindo o que lhe é dito, ao invés de decidir por conta própria.
A cobrança dos pais no processo de formação
De fato, há toda uma expectativa dos responsáveis para que seus filhos(as) tornem-se craques, e não há problema algum, nisso. No entanto, o excesso de cobrança influencia no desenvolvimento da criança e inibi sua criatividade e tomadas de decisões.
Criança tem que ser criança. Tem que abusar da sua criatividade, devendo explorar o espaço com bola nos pés. Quanto mais estímulos, mais desenvolvimento terá. Muitas vezes os pais ditam as regras e ações, sobressaindo-se aos treinadores(as), o que não é apropriado por todas as questões citadas acima, sejam elas, a busca pelo conhecimento ou a organização do treino que o profissional se dedica.
Palestras, uma roda de conversa explicando objetivos e metas dos treinos são boas opções para reflexão entre a relação alunos(as) e pais. A contextualização dos objetivos de trabalho reforça confiança.
Neste sentido, é importante que os pais entendam o processo pedagógico e que as atividades, por mais simples que sejam, todavia, contextualizadas, são partes fundamentais do jogo e das relações técnico-táticas.
A intervenção dos pais não pode tirar a autoridade dos professores nem prejudicar a aprendizagem de seu filho. Pois, a maior preocupação deve ser na formação, no processo, e não apenas no resultado com intuito de sobressair dos demais e torna-se um craque.
Confira abaixo um episódio em nosso Podcast sobre o assunto:
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