Um estudo sistemático realizado nos Países Baixos por Froukje Sliedrecht e sua equipe, publicado no International Journal of Sports Science & Coaching, investigou a utilidade dos testes de motricidade geral na identificação de jovens talentos esportivos com idades entre 6 e 18 anos. A pesquisa buscou entender se a avaliação dessas habilidades motoras básicas poderia auxiliar treinadores e clubes a selecionar atletas com maior potencial de sucesso.
A motivação por trás do estudo é a busca por métodos eficazes de identificar talentos precocemente. A identificação precisa de atletas jovens com alto potencial maximiza as chances de sucesso esportivo e financeiro, garantindo que eles recebam o treinamento ideal para desenvolver suas habilidades. Contudo, prever o sucesso esportivo é um desafio, pois diversos fatores contribuem para o desempenho de um atleta, e a relação entre as características iniciais e o sucesso futuro nem sempre é linear.
Como o estudo foi realizado?
Para realizar a pesquisa, os autores revisaram sistematicamente estudos publicados em cinco bases de dados científicas, analisando 22 trabalhos que atenderam a critérios específicos de inclusão. Foram considerados estudos transversais (avaliando atletas em um único momento) e longitudinais (acompanhados ao longo do tempo), que compararam o desempenho motor de atletas talentosos com seus pares de menor rendimento.
A análise dos dados revelou resultados inconclusivos. Embora a maioria dos estudos (59%) tenha encontrado diferenças no desempenho de motricidade geral entre atletas talentosos e não-talentosos, com os primeiros apresentando melhores resultados, uma parcela significativa (36%) não detectou tais diferenças. Isso significa que, embora os testes possam auxiliar na identificação, não são um método infalível para determinar o sucesso futuro de um atleta.
Testes mais comuns e suas limitações
Os testes de motricidade geral mais utilizados foram subtestes do Körperkoördinationstest für Kinder (KTK) e do Deutschen Motorik Test (DMT) 6-18, que avaliam habilidades como equilíbrio, movimentação lateral e saltos. Embora alguns subtestes tenham apresentado resultados promissores em alguns estudos longitudinais, a evidencia geral de que esses testes podem prever com sucesso o desempenho futuro ainda é insuficiente.
Recomendações para futuras pesquisas
Os autores destacam a necessidade de mais estudos longitudinais de alta qualidade, com amostras maiores e mais representativas (incluindo atletas de diferentes esportes e gêneros), para confirmar a validade e a capacidade preditiva dos testes de motricidade geral na identificação de talentos. A inclusão de avaliações de habilidades manipulativas (como arremessar e pegar uma bola) e da qualidade do movimento, além da quantidade, também foi apontada como importante para uma avaliação mais completa.
Conclusão Prática
Atualmente, os testes de motricidade geral podem ser considerados uma ferramenta auxiliar na identificação de talentos esportivos, mas não devem ser utilizados isoladamente.
Os resultados do estudo reforçam a necessidade de uma abordagem multifacetada na avaliação do potencial atlético, combinando testes de motricidade com outras avaliações físicas, técnicas e psicológicas.
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