Um estudo recente conduzido por Florian Heilmann do Laboratório de Ciência do Movimento da Universidade Martin-Luther Halle-Wittenberg, na Alemanha, investigou se o treinamento cognitivo específico para o esporte melhora as funções executivas em jovens jogadores de futebol.
A pesquisa buscava entender se era possível aprimorar habilidades mentais como memória de trabalho, inibição e flexibilidade cognitiva, essenciais para o bom desempenho em campo.
Por que o estudo foi realizado?
O estudo se justifica pela crescente importância atribuída às funções cognitivas no esporte de alto rendimento. No futebol, decisões rápidas, atenção sustentada e adaptação constante às mudanças táticas são fundamentais. A questão era: um treinamento focado nessas habilidades cognitivas, adaptado ao contexto do futebol, realmente melhora o desempenho dos jogadores jovens?
Como o estudo foi conduzido
Participaram 31 jogadores de futebol (13 a 15 anos) de uma academia de atletas selecionados a nível elite. Eles foram divididos em dois grupos: um grupo de intervenção (13 atletas) submetido a um programa de treinamento cognitivo específico para futebol durante 8 semanas (duas sessões semanais de 40-50 minutos); e um grupo controle (18 atletas) que manteve seu treinamento regular.
Antes e depois do período de intervenção, todos os participantes realizaram testes computadorizados para avaliar suas funções executivas, medindo tempo de resposta e precisão em tarefas que avaliavam inibição, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva.
Principais resultados
Os resultados foram surpreendentes. Contrariamente ao esperado, o treinamento cognitivo específico não mostrou melhora significativa nas funções executivas do grupo de intervenção em comparação com o grupo controle. Ambos os grupos apresentaram, porém, uma melhora na flexibilidade cognitiva, possivelmente devido ao desenvolvimento cognitivo natural nessa faixa etária ou a efeitos de aprendizado gerais dos testes.
Conclusões Práticas e Limitações do Estudo
Esta pesquisa sugere que um programa de treinamento cognitivo de 8 semanas, mesmo específico para o esporte, pode não ser suficiente para melhorar as funções executivas em jovens jogadores de futebol de elite. Isso pode ser explicado por um “efeito teto”: atletas já altamente treinados podem apresentar pouca margem para melhorias nessas habilidades.
O estudo destaca a necessidade de repensar a duração e o design dos programas de treinamento cognitivo para atletas. A utilização de testes mais “ecologicamente válidos”, ou seja, que simulem situações reais de jogo, também é crucial para avaliar com maior precisão a transferência das habilidades aprendidas para o campo.
Além disso, fatores como a idade dos jogadores, a qualidade do treinamento e as características individuais devem ser considerados para maximizar a eficácia dos programas de treinamento cognitivo. O pequeno tamanho da amostra e a homogeneidade do grupo também são limitações a serem consideradas em estudos futuros. A inclusão de ferramentas como realidade virtual para padronizar o treinamento e monitorar o progresso também é uma sugestão para pesquisas futuras.
Em resumo, enquanto o treinamento cognitivo desempenha um papel importante no desenvolvimento atlético, sua eficácia em atletas jovens de elite precisa de mais investigação, focando na duração ideal do treinamento e em avaliações mais realistas do desempenho cognitivo no contexto esportivo.
Para ter acesso ao artigo completo, clique aqui
Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.