Uma nova pesquisa realizada por pesquisadores da Université de Franche-Comté, na França, investigou se reflexos primitivos (movimentos involuntários) que persistem na vida adulta podem estar sabotando o desempenho tático e técnico dos jogadores.
O estudo foi publicado no renomado Journal of Sports Sciences, e revelou como esses movimentos involuntários, normais em bebês, podem se tornar um obstáculo para atletas de alto nível.
O que são Reflexos Primitivos?
Reflexos primitivos são reações automáticas presentes desde o nascimento, controladas pelo tronco cerebral. À medida que nos desenvolvemos, o controle motor voluntário passa a integrar esses reflexos. No entanto, em algumas pessoas, esses reflexos podem permanecer ativos, interferindo na coordenação motora fina e na capacidade de tomar decisões rápidas – habilidades cruciais no futebol.
A equipe de pesquisa levantou a hipótese de que jogadores com reflexos primitivos ativos teriam mais dificuldades em situações de jogo que exigem rapidez, precisão e adaptação constante.
Como a pesquisa foi realizada?
A pesquisa envolveu jovens atletas de uma academia de futebol francesa, buscando entender se esses reflexos “adormecidos” poderiam estar impactando seu jogo. Os pesquisadores avaliaram a atividade de quatro reflexos primitivos específicos em 58 jogadores de futebol masculinos jovens idade média de 17,5 anos. Os seguintes reflexos foram analisados: o reflexo tônico cervical assimétrico, o reflexo tônico cervical simétrico, o reflexo tônico labiríntico e o reflexo de Moro.
Os atletas foram divididos em dois grupos: aqueles com reflexos primitivos inativos e aqueles com reflexos ativos.
Em seguida, a equipe analisou 20 partidas dos jogadores, observando o sucesso de suas ações táticas e técnicas em campo. Passes em diferentes zonas do campo, ações defensivas, duelos individuais (tanto no chão quanto no ar) e até o número de faltas cometidas foram meticulosamente registrados e comparados entre os grupos.
Principais resultados
Jogadores com reflexos primitivos ativos apresentaram taxas de sucesso menores em habilidades táticas e técnicas. Essa diferença foi especialmente em situações de maior pressão, como passes em áreas de finalização e zonas congestionadas do campo, onde a taxa de sucesso foi até 31,8% menor.
Além disso, esses jogadores tiveram um desempenho inferior em ações defensivas e duelos contra adversários.
Conclusões Práticas
As descobertas deste estudo têm implicações práticas importantes para o treinamento de jovens atletas. A pesquisa sugere que identificar e trabalhar a integração desses reflexos primitivos pode ser uma chave para desbloquear o potencial máximo dos jogadores.
Os pesquisadores enfatizam a necessidade de programas de treinamento que abordem esses reflexos, utilizando exercícios que simulem etapas do desenvolvimento motor infantil, como engatinhar, rolar e movimentos que exijam equilíbrio e coordenação.
Ao reconhecer a influência desses reflexos aparentemente “esquecidos”, treinadores e preparadores físicos podem desenvolver abordagens mais completas e personalizadas, visando não apenas o aprimoramento técnico e tático, mas também a base neurológica do movimento.
O estudo abre caminhos para novas estratégias de treinamento que podem ajudar os jovens talentos a superar obstáculos invisíveis e alcançar um desempenho ainda maior nos gramados.
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