Um estudo realizado na Universidade de Basel, na Suíça, por Paul Ritsche e colaboradores, publicado no Journal of Sports Medicine, investigou a relação entre a força dos músculos da coxa e sua estrutura em jovens jogadores de futebol de alto nível. A pesquisa buscou entender como essas características evoluem com a maturação e como se relacionam com o desempenho esportivo.
A força muscular no futebol
A força da extensão do joelho, crucial no futebol para atividades como corrida de velocidade e chutes potentes, está diretamente ligada à musculatura quadríceps. E a fraqueza nos quadríceps aumenta o risco de lesões, especialmente em atletas jovens, onde esta região é uma das mais afetadas.
Como a estrutura muscular (geometria) influencia a função, os pesquisadores se propuseram a avaliar a relação entre a força, o tamanho e a organização das fibras musculares em diferentes fases da maturação.
Como o estudo foi conduzido
O estudo analisou 96 jogadores de futebol masculinos de seleções nacionais da Suíça, divididos em cinco grupos etários (sub-15, sub-16, sub-17, sub-18 e sub-21).
Utilizando ultrassonografia, os pesquisadores mensuraram a área de secção transversal dos músculos vasto lateral e reto femoral, além do comprimento das fibras musculares e o ângulo de penação (como as fibras estão organizadas dentro do músculo).
A força de extensão do joelho foi avaliada com um dinamômetro isocinético (que mede a força em diferentes velocidades de movimento) e isométrico (força máxima em posição estática). As medições foram feitas fora da temporada de jogos, em dois momentos do ano.
O que os resultados revelaram?
Os resultados mostraram um aumento significativo na força de extensão do joelho e na área de secção transversal dos músculos quadríceps com o aumento da idade, principalmente nas regiões proximais (mais próximas ao quadril) dos músculos.
Vale destacar que o comprimento das fibras musculares e o ângulo de penação não apresentaram variações significativas entre os grupos etários.
Já a relação entre a força e a estrutura muscular variou com a idade. Em atletas mais jovens (sub-15), algumas correlações foram negativas e inesperadas, possivelmente devido às limitações da técnica de ultrassonografia.
Em atletas sub-17 e sub-18, observou-se uma correlação mais forte entre a força e a área de secção transversal, especialmente na região central do vasto lateral.
Conclusões práticas
O estudo sugere que, em jovens futebolistas de alto nível, a área de secção transversal do músculo vasto lateral, especialmente na região central da coxa, é um importante preditor de força de extensão do joelho, principalmente em atletas mais velhos (sub-17 e sub-18). A arquitetura muscular, por sua vez, mostrou relação com a força, mas esta relação é menos consistente e depende da idade do atleta.
Para treinadores, isso indica a importância de focar no aumento da massa muscular, especialmente do vasto lateral, para melhorar a performance em atletas mais velhos, enquanto em atletas mais jovens, o foco pode ser em outros aspectos do treinamento, como a coordenação neuromuscular.
É fundamental considerar as limitações do estudo, como a avaliação de apenas dois músculos do quadríceps e a utilização de ultrassonografia em repouso, lembrando que medidas durante o movimento poderiam ser mais representativas do desempenho. Mais pesquisas são necessárias para aprofundar o entendimento dessas complexas relações.
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