Estudo analisou a dinâmica pré e pós-pico da velocidade máxima de corrida em jogadores de futebol

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Um estudo recente publicado na revista Biology of Sport analisou como jogadores de futebol de elite atingem suas velocidades máximas durante partidas e o que acontece antes e depois desses picos de desempenho.

A pesquisa foi conduzida por uma equipe internacional de cientistas, incluindo Hugo Silva, Fabio Yuzo Nakamura, Ghazi Raci, Antonio Gómez-Diaz, Pedro Menezes, Karim Chamari e Rui Marcelino, e contou com a participação de 20 jogadores da primeira divisão do Campeonato Brasileiro.

Objetivo do estudo

O objetivo principal do estudo foi caracterizar a dinâmica de velocidade dos jogadores em um intervalo de 20 segundos (10 segundos antes e 10 segundos após o pico de velocidade) durante partidas de futebol.

A ideia era entender como os atletas aceleram e desaceleram em situações reais de jogo, algo que pode ter implicações importantes para o treinamento e a prevenção de lesões.

Como o estudo foi feito

Os jogadores foram monitorados com dispositivos GNSS (Sistema de Navegação Global por Satélite) durante seis partidas da primeira divisão brasileira. Os aparelhos, posicionados entre as omoplatas dos atletas, registraram a velocidade a cada 0,1 segundo.

Os pesquisadores analisaram os dados para identificar os picos de velocidade e como os jogadores se comportavam antes e depois de atingir essas velocidades máximas.  

Principais conclusões

O estudo revelou que os jogadores atingem suas velocidades máximas a partir de uma aceleração progressiva, e não de uma arrancada explosiva. Em média, os picos de velocidade variaram entre 29,11 km/h e 31,64 km/h, dependendo da posição do jogador em campo. Os laterais (fullbacks) foram os que atingiram as maiores velocidades, enquanto os zagueiros centrais (central defenders) registraram os valores mais baixos.

Outro achado importante foi que os jogadores começam a acelerar a partir de uma velocidade média de 10 km/h, o que demanda um esforço metabólico significativo. Após atingir o pico de velocidade, os atletas desaceleram mais rapidamente do que aceleram, mas sem parar completamente. Isso sugere que os jogadores evitam desacelerações bruscas, o que pode reduzir o risco de lesões, especialmente nos músculos isquiotibiais e nos ligamentos do joelho.

Implicações práticas

Os resultados do estudo têm implicações diretas para o treinamento de futebol. Os pesquisadores sugerem que os testes de velocidade realizados em treinos devem ser adaptados para refletir melhor as condições reais de jogo.

Em vez de começar de uma posição parada, os jogadores devem realizar sprints a partir de uma velocidade inicial (chamada de “flying start”), já que é assim que os picos de velocidade são atingidos durante as partidas.

Além disso, os treinadores devem considerar a importância de preparar os jogadores para acelerações e desacelerações intensas, que são comuns durante os jogos. A capacidade de acelerar a partir de uma velocidade moderada pode ser mais relevante para o desempenho em campo do que a capacidade de arrancar a partir de uma posição estática.

Considerações finais

O estudo oferece uma nova perspectiva sobre como os jogadores de futebol atingem suas velocidades máximas durante as partidas e como esses esforços podem ser replicados em treinamentos. Ao entender melhor a dinâmica de velocidade em situações reais de jogo, os treinadores podem desenvolver estratégias mais eficazes para melhorar o desempenho dos atletas e reduzir o risco de lesões.

 
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