Transição do Futsal para o Futebol

Por: Tássio Sardinha

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Há algumas semanas constatamos que sim, é possível transferir habilidades motoras de um esporte coletivo para outro – em nosso caso, será a transição do Futsal para o Futebol –, desde que o professor responsável tenha um programa de treinamento bem-planejado e centrado, intencionalmente, no objetivo da transferência.

Vimos também que, além das habilidades motoras específicas do Futsal, é importante que o futuro atleta vivencie sessões de treinamento que englobe experiências com outros esportes coletivos.

Faixas etárias para a transição do futsal para o futebol

Nesse sentido, para melhor sistematizar o anteposto, apresentaremos quatro fases fundamentais nesse texto para a formação do atleta e, além disso, evidenciaremos um processo de progressão quanto à transição do atleta de Futsal para o Futebol.

Fase Universal (6 – 12 anos)

  • Periodicidade: no máximo três vezes por semana, com duração de 60 minutos por aula.

É a fase mais ampla e rica do processo de formação esportiva. Aqui a criança se encontra com as habilidades básicas de locomoção, manipulação e estabilização em refinamento progressivo. Como resultado, pode participar de um número maior e mais complexo de atividades motoras.

Nesta fase, o jogo é um elemento didático-pedagógico que deverá acompanhar as características evolutivas da criança, especialmente no que refere à sua maturidade, evolução psicológica e cognitivo-social. Além disso, as crianças devem começar a identificar os objetivos gerais dos esportes coletivos, nos momentos de defesa e ataque.

Assim, dos 6 aos 12 anos, é necessário desenvolver o máximo capacidades motoras e coordenativas de uma forma geral. Dessa forma, a criança terá uma base ampla e variada de movimentos.

Ainda assim, ocorre um desenvolvimento acentuado nos aspectos cognitivos e físicos que, somados aos fatores culturais, favorecerão a criança a utilizar suas habilidades dentro de estruturas esportivas mais definidas. É nessa fase que devemos inserir o atleta no ambiente competitivo, com adaptações estruturais e funcionais para o melhor desempenho das crianças de acordo com suas necessidades.

Podemos dividir esta fase em dois períodos: período geral (6 – 9 anos); e período das habilidades específicas (10 – 12 anos). Portanto, se tratando do nosso objetivo de haver transição de habilidades do Futsal para o Futebol, tanto no período geral quanto no período das habilidades específicas, os treinos devem ocorrer dentro do ambiente competitivo do Futsal.

Fase de Orientação (11 – 14 anos)

  • Periodicidade: três encontros semanais, com duração entre 60 e 90 minutos por treino.

Esta fase tem início por volta dos 11-12 anos e abrange até os 13-14 anos. É nesse momento que começa a ocorrer a automatização de grande parte dos movimentos, liberando a atenção do praticante para a percepção de outros estímulos que ocorram simultaneamente à ação realizada.

Nessa mesma linha, nas regras de determinada modalidade, o professor deverá buscar junto aos alunos o aperfeiçoamento do movimento, a fim de melhor as respostas motoras. Ainda através do jogo, precisamos incentivar a criança a desenvolver, aprender e aplicar técnicas de movimento específicas do esporte.

Vale ressaltar que o jogo, seja qual for sua forma de organização (jogos de iniciação, pré-desportivos, grandes jogos, jogos recreativos, entre outros), apesar de serem recreativo, devem possuir um alto valor educativo, pois, dessa forma, serão estabelecidas as bases para ações inteligentes.

Por fim, nesta fase, os treinos de Futsal devem ocorrer duas vezes por semana e no Futebol, uma vez por semana.

Fase de Direção (13 – 16 anos)

  • Periodicidade: três encontros semanais, com duração, no máximo, de 90 minutos por treino.

Nesta fase o objetivo principal é a transmissão e aplicação de regras gerais das ações táticas específicas do esporte. Desse modo, as técnicas são trabalhadas em situações representadas em forma de exercícios, onde a requisição da técnica seja variada, nos seus parâmetros de execução e aplicação.

Da mesma forma, os alunos deverão aprender a realizar, com muita velocidade, a transição entre os momentos o jogo de Futebol e Futsal, ou seja, uma vez perdida a bola no ataque, a equipe deve se reorganizar na defesa imediatamente. Ao contrário, uma vez que se recupere uma bola na defesa, ela deve chegar ao campo ofensivo com muita velocidade.

Ainda sobre isso, as aulas devem prever um aumento do conhecimento declarativo (verbalizado, teórico) dos alunos, tanto do Futebol como Futsal.

Ao final desta fase, o atleta conseguirá optar pelo Futsal ou Futebol. Então, na próxima fase, o jogador deverá se especializar no esporte que escolher.

Em conclusão, nesta fase, os treinos de Futsal devem ocorrer uma vez por semana e, no Futebol, duas vezes por semana.

Fase de Especialização (15 – 18 anos)

  • Periodicidade: cerca de três vezes na semana, com 90 a 120 minutos de duração cada treino.

Esta fase abrange dos 15-16 anos até os 17-18 anos de idade. É o momento do atleta concretizar a especialização na transição do Futsal para o Futebol.

A base motora multilateral, o desenvolvimento ósseo e a estatura são consolidados; é quando o atleta suporta maiores cargas de treino e competições, com a definição das habilidades para o Futebol. Nesse sentido, as sessões de treino devem objetivar o aperfeiçoamento e otimização do potencial tático.

Porém, ressaltamos que o potencial tático nada tem a ver padrões rígidos de movimentações, visto que a previsibilidade se opõe à natureza do jogo de Futebol.

Todos os treinos da semana devem ser de Futebol.

O que aprendemos sobre a transição do futsal para o futebol?

Do ponto de vista da transição de habilidades motoras do Futsal para o Futebol, acreditamos ser de fundamental importância os professores considerarem as fases expostas. Na literatura especializada em Pedagogia do Esporte, encontramos diferentes nomenclaturas para as fases, no entanto, o conteúdo, segundo a idade se assemelha nas diferentes propostas. Por fim, obedecer um sistema de treinamento esportivo facilita o processo de avaliação e realinhamento do projeto. Portanto, uma base teórica sólida é fundamental para os profissionais que almejam êxito na transição do Futsal para o Futebol.

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Tássio Sardinha
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