Mercado de trabalho do analista de desempenho

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Imagem de Pablo Ibañez por Pixabay

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A profissão analista de desempenho

O analista de desempenho é uma profissão relativamente nova nos esportes, principalmente no futebol. Ainda mais por ser algo tão recente, muitos mercados vêm se abrindo para essa nova área de atuação.

Atualmente as principais áreas de atuação dos analistas de desempenho são: trabalhos em clubes, mercado de atletas, formação de jogadores, geradores de conteúdos para TVs, rádios e mídias e profissionais que trabalham em big datas ou com softwares.

O que faz um analista de desempenho?

Ser analista de desempenho e trabalhar em clubes é o sonho de muitas pessoas. Em síntese, podemos citar como funções do analista:  planejamento de treinos (com o restante da comissão); registro dos eventos que acontecem em jogos e treinos do seu time e do adversário; e análise desses dados para repassá-los à comissão técnica e jogadores.

Dessa forma, visto os benefícios trazidos pelo analista de desempenho, os clubes investem cada vez mais nesse profissional. No entanto, o futebol acordou tarde para isso se compararmos a alguns outros esportes, como o basquete, futebol americano e beisebol (este último obteve mais visibilidade do público por causa do filme Moneyball: o homem que mudou o jogo).

Antes tarde do que nunca! Portanto, apesar da demora para essa nova forma de ver o futebol, hoje a análise de desempenho é de suma importância para qualquer equipe de alto rendimento que queira ter as melhores informações de seus jogadores, dos adversários e do mercado em geral.

Onde o analista de desempenho pode atuar?

1 – Mercado de atletas

A princípio, muitos analistas migram para outros campos de atuação e, um deles, é o mercado de atletas. Você também pode trabalhar por conta própria ou para empresas que recrutam jogadores. Portanto, em ambos casos é importante você ter um banco de dados com informações dos mais diversos atletas.

Imagine o seguinte: O time X quer contratar um zagueiro, porém não sabe quem. Eles te procuram e pedem jogadores daquela função que se encaixariam no time. Como proceder? Primeiramente você pode averiguar com o clube quais características que eles querem nesse atleta, exemplo: zagueiro canhoto, de no mínimo 1,88m, com bom jogo aérea defensivo e ofensivo e bom desarme. Após averiguar essas informações, você consulta seu banco de dados e verifica quais jogadores se enquadram nessas características. Vejam mais informações sobre isso no texto “importância dos dados para a análise de mercado”.

Nesse nicho de atuação também é imprescindível uma boa leitura de jogo e conceitos futebolísticos ao analista, visto que, quanto mais ele conhece de futebol, mais assertiva serão suas indicações de atletas.

2 – Na formação de atletas

Com certeza você já viu aquele atleta de 17, 18 ou 19 anos que é tido como uma promessa. Mas você sabe exatamente até onde ele pode chegar? Ele será tudo que imaginamos? Ele irá “vingar”? Talvez a análise de desempenho possa ajudar nessas perguntas.

Caso você tenha um atleta jovem, é interessante comparar seus dados com os de outros atletas. Desse modo você pode comparar os dados de um atleta que hoje tem 20 anos com os de diversos jogadores na mesma idade.

Poderá verificar os passes que o jogador dá, para qual direção os efetua, quais regiões do campo onde ele mais se movimenta, de qual local gosta de finalizar. Além das variáveis físicas como velocidade máxima, impulsão, força, entre outras tantas. Dessa forma haverá uma base de dados que pode prever até que ponto o jogador chegará no profissional.

Lembrando que não são só essas variáveis que definirão o atleta. O desempenho é formado por muito mais que o técnico, tático e físico. No entanto esses dados lhe darão um ótimo parâmetro se aquele atleta pode realmente suprir suas necessidades ou se é melhor investir em outro.

3 – Big datas e softwares

Primeiramente vamos diferenciar as duas coisas, pois muitas pessoas colocam tudo no mesmo cesto. Sites de BIG DATAS são grandes bancos de dados que armazenam informações de times e jogadores. Nele você encontra, por exemplo, quantos passes o time realiza por jogo, quais as redes de jogadores que mais se conectam, quantos sprints e qual a velocidade que atingiram os atletas, como são cobradas as bolas paradas dos times e quais os locais que a equipe mais finaliza. Podemos citar empresas como a InStat, Wyscout e  footstats.

Em contrapartida os softwares de análises são programas usados por analistas para esmiuçar os treinos e jogos. Neles você consegue editar o vídeo, fazer marcações de frequência e identificar padrões táticos das equipes. A maioria desses softwares são pagos, porém encontramos alguns gratuitos, como o longomatch, scoutub e GRAVOl.

Com o crescimento da análise de jogos essas empresas tendem a crescer e precisarem de mais mão de obra. E, obviamente, outras empresas virão, ou seja, deixará o mercado mais competitivo e com mais oportunidade de empreender.

4 – Geradores de conteúdo para a mídia

Uma nova geração de amantes do futebol está nascendo. Antigamente as pessoas gostavam de programas esportivos em que haviam debates aflorados, fofocas do meio futebolístico e afins. Mas parece que, cada vez mais, as pessoas buscam entender o jogo, conhecer os porquês das escalações, como os times jogam e as táticas por trás de cada equipe. E nesse contexto a análise de desempenho pode ser útil.

A cada dia que passa vemos mais a mídia querendo nos trazer scouts do jogo e, até em alguns momentos, fazendo aquelas análises táticas em painéis touch. Isso tudo para agradar ao seu espectador. Imagine que, para ter os dados ou fazer as análises, seja necessário alguém que entenda de software e de jogo. Portanto o analista pode se enquadrar nisto. Veja o exemplo do vídeo que Henry explica em uma emissora norte americana como o Barcelona de Guardiola jogava.

5 Analista pessoal

Muitos atletas de alto rendimento têm preparadores físicos particulares, fisioterapeutas e nutricionistas. Todos esses profissionais estão presentes no dia a dia do jogador para melhorar sua atuação em campo.

Do mesmo modo o analista de desempenho também terá lugar nesse meio. Visto que, toda informação que for agregada ao atleta, visando a sua melhora em campo, será útil. Apesar do analista do clube passar informações para o jogador sobre sua performance, é impossível transmitir esses feedbacks para todos os atletas de forma completa.

Certamente o analista pessoal do atleta e o do clube deverão ter uma boa comunicação. Assim ideias irão convergir ao mesmo objetivo. Afinal de contas os dois tem o mesmo objetivo: o melhor desempenho do atleta.

Todos esses mercados mencionados aqui já são de suma importância para o clube e atleta atingirem um bom desempenho. E cada vez mais serão essenciais, visto que surgirão novas tecnologias e novas técnicas de análise. Mas uma coisa sempre será essencial, o entendimento do jogo. Nada substitui esse conhecimento. P

Veja abaixo um episódio em nosso Podcast sobre o assunto:

Contato do autor : @Christopher_Suhre

 

https://www.youtube.com/watch?v=pRi0XIR5XB8&list=PLi9M_P4RR9TUM7-FHLtVuL3vAu8nD1fdO&index=12
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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.