Um estudo recente conduzido por Giovanni Esposito e sua equipe da Universidade de Salerno e da Universidade Pegaso, na Itália, publicado na revista científica Journal of Functional Morphology and Kinesiology, investigou a melhor forma de treinar jovens jogadores de futebol para melhorar a precisão de passes.
A pesquisa comparou dois métodos de ensino: o tradicional, baseado em repetições de movimentos, e um método mais moderno, baseado na abordagem ecológica-dinâmica, que enfatiza a variabilidade e a adaptação a diferentes situações de jogo.
Por que o estudo foi feito?
A motivação por trás do estudo surgiu da controvérsia entre as abordagens de treinamento para aprendizado e treinamento de habilidades motoras e técnicas no futebol.
A abordagem tradicional é focada na repetição e em muitos casos de maneira isolada. Ela pode ser eficiente a curto prazo, mas ignora a importância da percepção do ambiente e da tomada de decisão em situações reais de jogo.
Já a abordagem ecológica-dinâmica, propõe um aprendizado mais flexível, preparando o jogador para lidar com a imprevisibilidade do futebol.
Como o estudo foi feito?
Para testar as duas abordagens, 30 jogadores de futebol da categoria sub-13 foram divididos aleatoriamente em dois grupos.
Um grupo seguiu o método da abordagem ecológica-dinâmico, com treinamentos que incluíam mudanças nas regras do jogo (como limitar o número de toques na bola), uso de obstáculos visuais (óculos que limitam a visão periférica) e jogos em espaços reduzidos, simulando a pressão de uma partida.
E o outro grupo (chamado de grupo controle) realizou treinamentos segundo a abordagem tradicional, com repetições de passes em exercícios mais controlados e instruções diretas do treinador.
Durante 8 semanas, ambos os grupos treinaram três vezes por semana, com sessões de 90 minutos. Os pesquisadores avaliaram a precisão dos passes utilizando o Teste de Passe de Loughborough, um teste padronizado realizado antes, imediatamente após e 5 semanas depois do período de treinamento.
Principais resultados
Os resultados revelaram que o grupo que utilizou a abordagem ecológica-dinâmica apresentou melhorias significativamente maiores na precisão dos passes logo após o treinamento, quando comparado ao grupo que utilizou a abordagem tradicional.
Embora ambas as abordagens tenham mostrado progressos, os ganhos obtidos pelo grupo com abordagem ecológica-dinâmica foram mais expressivos.
Conclusão prática
Em termos práticos, o estudo sugere que os treinadores de futebol devem priorizar a variabilidade no treinamento para melhorar a capacidade dos jovens jogadores de se adaptarem às diferentes situações de jogo.
A repetição tem seu papel, mas combiná-la com desafios que estimulem a tomada de decisão e a adaptação a contextos mais complexos e imprevisíveis se mostra mais eficaz para o desenvolvimento de habilidades transferíveis para partidas.
A metodologia ecológica-dinâmica, apesar de não garantir ganhos a longo prazo tão significativos, se mostra mais promissora para desenvolver jogadores mais completos e adaptados às exigências do futebol moderno.
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