Por que há variações de temperatura da pele de atletas de futebol após partidas oficiais?

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Um estudo publicado na revista Biology of Sport investigou a cinética da temperatura da pele nos membros inferiores de atletas profissionais de futebol após partidas oficiais. A pesquisa foi conduzida por uma equipe de cientistas brasileiros, incluindo Alex de Andrade Fernandes, Miller Gomes de Assis, João Carlos Bouzas Marins e outros pesquisadores de instituições como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG).

Por que o estudo foi realizado?

O objetivo principal do estudo foi analisar como a temperatura da pele dos jogadores muda em três momentos distintos: antes do jogo (M1), 24 horas após o jogo (M2) e 48 horas após o jogo (M3). Além disso, os pesquisadores buscaram entender se há uma correlação entre a temperatura da pele e os níveis de creatina quinase (CK), um marcador indireto de dano muscular.

Como o estudo foi realizado?

A pesquisa acompanhou 30 atletas profissionais de um clube da primeira divisão do Campeonato Brasileiro durante as temporadas de 2015 e 2016. Os jogadores foram avaliados em três momentos: antes do jogo, 24 horas após o jogo e 48 horas após o jogo. A temperatura da pele foi medida com uma câmera termográfica, enquanto os níveis de CK foram coletados por meio de amostras de sangue.

Os pesquisadores também analisaram a distância percorrida pelos jogadores durante as partidas, a velocidade média e o número de ações acima de 25 km/h, utilizando dispositivos GPS. Todos os dados foram coletados em condições ambientais controladas, com temperatura média de 24,5°C e umidade relativa de 51,4%.

Principais conclusões práticas

Os resultados mostraram que a temperatura da pele dos membros inferiores aumentou significativamente 24 horas após o jogo em comparação com o momento pré-jogo. Após 48 horas, a temperatura diminuiu, mas não retornou aos níveis iniciais, indicando que os atletas ainda não estavam completamente recuperados.

Além disso, foi observada uma correlação positiva moderada entre a temperatura da pele e os níveis de CK, sugerindo que a termografia pode ser uma ferramenta útil para monitorar a recuperação muscular após partidas intensas. Essa informação pode ser valiosa para os técnicos e equipes médicas, que podem ajustar os treinos e estratégias de recuperação com base nos dados de temperatura da pele.

Implicações para o futebol profissional

O estudo sugere que a temperatura da pele pode complementar os métodos tradicionais de avaliação de recuperação, como a medição de CK. Isso pode ajudar a prevenir lesões e otimizar o desempenho dos atletas, especialmente em competições de alto nível, onde a recuperação rápida e eficiente é crucial.

A pesquisa também destaca a importância de análises individualizadas, já que cada jogador pode apresentar padrões diferentes de recuperação. Com base nesses dados, os clubes podem personalizar os protocolos de recuperação, garantindo que os atletas estejam em condições ideais para os próximos jogos.

Essa descoberta abre caminho para novas pesquisas que possam explorar ainda mais a relação entre a temperatura da pele e outros marcadores fisiológicos, contribuindo para o avanço da ciência do esporte e o aprimoramento do desempenho atlético.

 
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