Estudo investigou como o tamanho do campo em jogos reduzidos afeta o desempenho físico de jovens atletas de Futebol

Data:

Compartilhe:

Um grupo de pesquisadores, liderado por Vicente de Dios-Álvarez, da Universidade de Vigo, Espanha, investigou como o tamanho do campo em jogos reduzidos afeta o desempenho físico de jovens atletas de Futebol de elite.

O estudo, publicado no Journal of Human Kinetics, buscou entender se a área destinada a cada jogador nesses treinos influencia a intensidade e as características do esforço físico. Jogos em espaço reduzido são uma ferramenta popular nos treinamentos de futebol. Eles permitem trabalhar tanto habilidades técnicas e táticas quanto o condicionamento físico.

No entanto, para que esses treinos sejam eficazes, é crucial que eles se aproximem das demandas físicas de uma partida real. É aí que entra a questão da área por jogador, será que o espaço que cada atleta tem no campo influencia o quão intensos são os treinos? 

Como o estudo foi realizado?

Para desvendar essa questão, os pesquisadores acompanharam 60 jogadores de futebol de alta performance, divididos em duas categorias: sub-16 e sub-19. Ao longo de duas temporadas, coletaram dados de GPS de treinos e jogos oficiais. Os treinos foram realizados em 15 formatos diferentes, variando o tamanho do campo e o número de jogadores, com áreas classificadas como:

  • ApP100: menos de 150 m² por jogador (campos pequenos).
  • ApP200: de 151 a 250 m² por jogador (campos médios).
  • ApP300: mais de 251 m² por jogador (campos grandes).

Os dados de GPS mediram a distância total percorrida, a distância em alta velocidade, a distância em sprints, as acelerações e desacelerações dos jogadores. Isso permitiu analisar como o tamanho do campo influencia cada um desses aspectos.

Principais resultados

Os resultados mostraram que existe uma relação clara entre o tamanho do campo e o tipo de esforço físico demandado. Campos maiores (ApP300) levam a um maior volume de corrida em alta velocidade e sprints, aproximando-se das demandas de uma partida.

Já campos menores (ApP100) o estudo identificou que os treinos não estimulavam o suficiente as corridas em alta velocidade e sprints, quando comparados com partidas oficiais.

Por outro lado, esses campos menores superestimavam os esforços mecânicos, como acelerações e desacelerações. Apenas os treinos em campos maiores, com mais de 250 m² por jogador, chegaram perto de reproduzir a distância em alta velocidade e os sprints observados nos jogos.

Implicações práticas

Na prática, isso significa que treinadores devem ter muita atenção ao planejar os treinos em espaço reduzido. Para desenvolver a capacidade de sprint e a corrida em alta velocidade, eles precisam usar campos maiores, com uma área de 200 a 300 m² por jogador.

Campos menores, por outro lado, podem ser úteis para desenvolver a agilidade e a capacidade de mudar de direção rapidamente. Além disso, o estudo fornece um cálculo prático: para reproduzir aproximadamente 1500 metros de corrida total, 68m de alta velocidade e 36m em alta velocidade, somado à 13 metros de sprint, treinos de 15 minutos em um campo de 5×5 jogadores (com área de 135 m²/jogador) são suficientes. Esse tipo de treino gera uma demanda de 21 acelerações e 23 desacelerações.

A Importância de uma Abordagem Individualizada

Uma das conclusões do estudo é que jogadores mais experientes (sub-19) podem se beneficiar mais dos treinos com campos maiores do que os jogadores mais jovens (sub-16), devido a uma maior maturidade física e conhecimento do jogo.

A pesquisa destaca que treinadores devem considerar essas diferenças individuais ao planejar as atividades. O estudo também apresenta modelos matemáticos que permitem calcular a área por jogador necessária para atingir uma determinada intensidade de esforço físico. Essa ferramenta pode ajudar treinadores a planejar treinos mais eficazes e a usar jogos em espaço reduzido para preparar jogadores para as demandas das partidas de futebol.

Os pesquisadores reconhecem algumas limitações no estudo e apontam a necessidade de mais pesquisas para explorar como diferentes regras (por exemplo, a regra do impedimento) e estratégias táticas também afetam o impacto dos treinos em espaço reduzido.

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.
spot_img

Posts Relacionados

Estudo com árbitros investigou o impacto dos “ruídos” nas decisões e a relação com erros de arbitragem

Pesquisadores investigaram como o "ruído" nas decisões dos árbitros de futebol pode levar a inconsistências durante as partidas....

Estudo aponta críticas e adaptações ao modelo “TGfU” no treinamento esportivo

Um novo artigo científico publicado na prestigiada revista Physical Education and Sport Pedagogy desafia a aplicação tradicional do modelo "Teaching...

Efeitos do treinamento combinado de pliometria e velocidade no desempenho de velocidade em jogadores de futebol

Um estudo recente publicado na revista Physiologia investigou os benefícios de combinar exercícios pliométricos com treino de velocidade...

Estudo comparou diferenças na eficiência mecânica entre o Futebol masculino e feminino

Uma pesquisa recente realizada por pesquisadores espanhóis liderada por Eider Barba do Institute Real Sociedad, investigou as diferenças...